sábado, 31 de março de 2007

Bicicleta e bandolins

Como fosse um par que nessa valsa triste
se desenvolvesse ao som dos bandolins
e como não
e por que não dizer que o mundo respirava mais
se ela apertava assim seu colo
e como se não fosse um tempo
em que já fosse impróprio se dançar assim
ela teimou e enfrentou o mundo se rodopiando ao som dos bandolins

Como fosse um lar seu corpo a valsa triste
iluminava e a noite caminhava assim
com seu iPod
meio alienada ouvindo a toada
aquela do Jobim cruzando
a rua jamais esperava
que uma bicicleta aparecesse assim,
mas foi então que como se do nada foi atropelada ao som de "Bandolins"...



Não foi nada sério, mas emocionalmente surtiu como uma trombada de caminhão. Sério.

domingo, 25 de março de 2007

Ói que fofo...




... um dia ainda tenho gato de novo.

Nao, melhor nao.

sábado, 24 de março de 2007

Os dragoes

Foi muito feliz ter ido pra Paris. Um verdadeiro presente mesmo. Finalmente, tive ferias propriamente, como eu gosto e preciso, sem programaçao, sem obrigaçao de fazer nada, sem horarios, sem ter que agradar a ninguem senao a mim mesma, sem ninguem. Ficou claro pra mim que eu adoro estar só, preciso disso, e do ócio que acompanha a solitude.

Também percebi que menos é muito mais. Por exemplo, sem muito $$ pra gastar, o que resta é viver, sentir, aproveitar o que se tem. Ha tempos venho revolvendo essa ideia, e me faz um bem enorme pensar assim. Simplicidade. Felicidade. Muito tempo pra pensar, andar tanto pela cidade (cidades, eu amo cidades!), ver lugares novos e ao mesmo tempo conhecidos, procurar referencias, despertar e matar saudades, resolver pendencias comigo mesma. Pra mim, fechou.

A vista do Seine da janela do studio, o crepe de champignons perto do Jardin du Luxembourg, o vendedor de livros no Quartier Latin, sao coisas que nao vou esquecer. Minha unica foto, em frente a Notre Dame, espero guardar de lembrança junto com a outra unica que sobrou de 2002, com a Torre Eiffel ao fundo. Assim como nao me esqueci do nome das ruas e dos lugares no Marais, e descobri coisas novas como o Chez Marianne, o cinema na rue de la Boucherie, e o Mariage Frères (très très chic!), fiz questao de nao ir ao Louvre (embora tivesse planejado o contrario, a principio), nem a Champs Elysées ou a Sacre Coeur. À Torre Eiffel nao fui por falta de tempo, e ainda me falta conhecer a igreja de St-Germain-des-Près e Versailles. Fica para a proxima vez. Que havera.


Paris, 2007



Paris, 2002


***

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder."

(Caio Fernando Abreu, in Os dragoes)

Apedeutismo

Faz tempo que nao aprendo uma palavra nova em portugues. Ainda mais agora que estou nessa de traduçao ingles-espanhol, é nesses dois idiomas que ando incrementando mais o meu vocabulario. Por isso, hoje, lendo um comentario no blog do Tutty Vasques, tive um microinstante de espanto e prazer quando dei com a palavra "apedeutismo".

E la vou eu pesquisar a palavra no meu mini Houaiss praticamente intocado, ja prevendo que um trambolho de palavra desse nao ia constar no mini, como nao consta, o que me obrigou a instalar a versao eletronica completa no computador: 228.500 verbetes é palavra pra caramba!

apedeutismo s.m. qualidade, condição ou estado de apedeuto; nescidade, insciência, ignorância

O meu (apedeutismo), de momento, eu já resolvi.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Zodiac

O que é que eu estou fazendo aqui a essa hora escrevendo um post? Se eu devia estar dormindo, porque amanhã é dia de branco, ou pelo menos fazendo a minha liçao da aula de traduçao, mas ta dificil, e venho enrolando desde... bom, deixa pra la.

Cheguei tarde em casa, depois de ir ao cinema assistir "Zodiac", e fiquei com medo de subir pro quarto e encontrar o assassino em serie lá (se bem que o principal suspeito ja morreu, mas nunca se sabe...). É por isso que eu estou aqui. Mas a essa hora, ele ja deve ter cansado de esperar. Boa noite!

Em todo caso, nao perca tempo vendo o filme. Chato, muito longo, e nao chega a lugar nenhum. Melhor ouvir a Roberta Kelly:

"Oh, Geminis, Librans, Taurians
Pisceans, Ariens, Cancerians
They´re searchin´ for the sign that goes with their own sign

Of the zodiac [Zodiac]
Of the zodiac [Zodiac]
Of the zodiac [Zodiac]

Doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo
Doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo
Doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo
Doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo, doo"

quarta-feira, 7 de março de 2007

A lista cresceu

Numa epoca em que eu estava sem namorado por algum tempo, ouvi de um amigo -- ou li em alguma revista feminina? -- que a questao toda é que nos mulheres somos muito exigentes e, em geral, queremos que o cara cumpra toda uma serie de requisitos que o aproximem do (nosso) conceito de perfeiçao antes de o declararmos um possivel candidato a prete. O que, em geral, é verdade.

Dai, decidi que minha lista de requisitos se reduziria a 3 pontos, os mais importantes, aquilo que eu nao posso passar sem. E ponto. É o minimo que se pode esperar de alguem, e nao deve ser tao impossivel de encontrar alguem assim. O resto, a gente negocia, ou aceita. Ou pelo menos, foi o que pensei. Se eu disser que desde entao nao encontrei nenhum cara que chegasse "la", pode soar meio desesperador, mas a verdade é que o esquema me ajudou muito. Nao fosse pelos criterios da pre-seleçao, teria deixado passar batido gente que surpreendentemente chegou muuuito perto, e se nao subiu no podio, foi porque nao quis.

Mas nesse meio tempo tambem aprendi muitas coisas novas sobre mim, e sobre relacionamentos (que basicamente servem pra voce se conhecer melhor, ninguem se engane achando que relacionamentos foram feitos pra fazer alguem feliz). E uma das minhas ultimas descobertas me obriga a incluir um ponto na lista. E agora, Jose? Se ate eu acho que 4 requisitos é demais, creio que vou ter que rever os meus conceitos.

So que, por enquanto, a lista vai continuar com 4, ate eu descobrir o que é que eu posso viver sem.

terça-feira, 6 de março de 2007

30 e uns

Questoes espinhosas no horizonte... volta e meia, surgem, claro. E nao tem outro jeito de enfrenta-las senao com a cara e a coragem, ainda que pouca. Tempos atras, nesse mesmo blog, eu celebrava as maravilhas de se ter 30 anos. Agora, dois anos depois (pronto, ja me entreguei), as coisas começam a ficar um pouco mais complicadas.

Tudo por causa de uma musica do Supertramp (de um disco "emprestado" do Augusto, que ele nunca mais verá), que diz: "when I was young, it seemed that life was so wonderful, oh it was beautiful, magical...", e por ai vai. Acho que a vida continua sendo wonderful, beautiful, magical, pero coisas como achar a minha carissima metade, casar e -- principalmente -- ter filhos vao ficando cada vez mais delicadas.

Deve ser tambem porque, recém terminando um namoro que insisti, insisti, mas nao deu certo, fica aquele clima interno de nunca-mais-vou-ter-ninguem, que -- engraçado, porem real -- no fundo nao sinto. Só da uma pena de pensar em ter que começar tudo outra vez, e aí os sonhos, e o faze-los realidade, vao ficando mais distantes.

Tenho inveja, sim, dos meus amigos que hoje vivem suas vidinhas de casado (digo "vidinha" sem nenhuma conotaçao depreciativa, que fique claro), vao pra casa encontrar parceiro e filho, vao aos parques nos fins de semana, ou nem isso, ficam em casa mesmo, jantam, assistem TV e vao pra cama dormir, ou nao (E, ca entre nos, esse "ou nao" é que as vezes faz toda uma diferença...). Eu sei, parece tudo muito perfeito, mas nesse ponto ja deve ter meia duzia lendo isso e invejando a minha "vidinha" de solteira: chegar em casa, botar uma musica, esticar as pernas no sofa, fazer uma comidinha qualquer, ou simplesmente sair, gandaiar, isso tudo sem ter ninguem pra dar satisfaçao, e depois ir dormir tendo a cama e o cobertor todinho pra voce. Isso me lembra aquela historia de que homem solteiro chega em casa, abre a geladeira, faz uma cara feia pro que ve e vai pra cama; o homem casado chega em casa, vai ate a cama, faz uma cara feia pro que ve e vai abrir a geladeira.

Eu quando tive vida de casada, curti muito. Mas naquela epoca nao tinha muita vontade de ter filhos, como tenho agora. Mania de deixar tudo pra ultima hora, nao é?

Entao agora o negocio é botar a bola pra frente, de toda maneira. Estudar, trabalhar (hoje andei pensando se nao seria legal me mudar pra Tailandia!), pagar o pesado aluguel, e um dia, antes tarde do que nunca, voltar pra casa, que é onde mora o coração.




Ainda tenho pavor de borboleta, mas amei essa foto que o Tim tirou em Foz do Iguaçu (e eu nao estava la...).