quinta-feira, 31 de março de 2005

To esperando o que?

estou aqui no trabalho ha umas duas horas, enrolando... absolutamente dispersa, com a cabeça em mil outras coisas que nao sao o projeto e a proposta de pesquisa que preciso entregar amanha. Faço planos de ir ao cinema amanha, de ir ao Carnaval de Sao Francisco em maio, de ir a Vera Cruz no fim de semana que vem, de ir... ja nao vou para o Brasil no final de abril, como eu queria, mas a minha irma vem me visitar daqui 2 semanas, que maravilha!

Ando meio desanimada esses dias, uma falta de energia e de vontade, uma certa angustia de nao sei o que (o que é uma redundancia dizer, ja que a angustia nunca tem um por que claro). Mais que tudo, sinto como se estivesse esperando por alguma coisa, esperando algo acontecer, como o momento depois de uma onda grande na praia, que fica aquela calmaria, mas voce sabe que daqui a pouco passa outra onda pra te chacoalhar... é meio assim.

Descobri que adoro analogias. O problema é que nao sou boa em usa-las. Dia desses, vindo pro trabalho, me topei pensando na cerinha que uso no aparelho para proteger a parte de dentro da boca (ia dizer "mucosa bucal" mas me pareceu tao nojento...). Essa cerinha é algo util, e necessario. Sem colocar a cera nos pontos mais criticos, tem dias em que nao consigo nem comer. Mas o caso é que eu nao gosto de usar, as vezes ate prefiro que o aparelho me machuque -- penso, "tem que calejar mesmo!".

E nao é que as vezes a gente faz isso na vida mesma? Saber que tem algo que pode aliviar o seu sofrimento, mas ainda assim escolher a dor, quando o normal devia ser se gostar, se tratar bem, cuidar a si mesmo? O ser humano é mesmo um bicho muito esquisito.

quarta-feira, 30 de março de 2005

Let´s never stop falling in love

Por que eu adoro nomear as entradas do meu blog com letras de cançoes? Bom, essa frase ja dava um titulo para a proxima entrada do blog, mesmo que nao mereça resposta. E ainda que merecesse, quem se importa?

Estou em um "stadinervos", como dizia o Caio F., que nao entendo. Ou sim, entendo, mas é tao complicadinho... Tenho ansiedade de futuro e me pego cada vez mais recorrendo a horoscopos e cartas do Taro na esperança de reduzir essa angustia do desconhecido que vem por ai e eu nao sei. Como se isso adiantasse.

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"O futuro a Deus pertence", ja dizia a minha avo. "Relaxa e goza, meu bem", digo eu.

segunda-feira, 28 de março de 2005

Semana (pouco) santa

Enfim, de volta a realidade... :(

Descobri que aqui, como na Espanha, a Semana Santa é um feriado feriadissimo, em que TODO MUNDO sai de ferias a semana inteira e vai viajar. E eu, que nem gosto disso, finalmente fiz minha primeira "grande" viagem pelo Mexico. No total, foram quase 40 horas entre onibus, caminhao, caminhonete, barco, caixas de bananas e frangos, desde a Cidade do Mexico a Huatulco, Pochutla, Zipolite, Mazunte, San Antonio, Puerto Escondido, Rio Grande, Zapotalito, Chacahua e logo tudo de volta... E quantas aventuras!

Na verdade, nossa base era Zipolite, uma praia na costa sul voltada para o Pacifico, bastante conhecida como praia "hippie", alternativa, e de nudismo. Uau... essa foi a melhor parte. Nao por nada, digo, descobri que a maioria das pessoas é muito mais bonita e elegante vestida (eu inclusive?), mas vai ser dificil gostar de tomar sol de biquini depois dessa experiencia. Nunca pensei que fosse tao gostoso. E nao, nao da vergonha nenhuma! É como ser adolescente, voce faz o que todo mundo faz, lembra?


Eu, muito garota de Ipanema, ainda em trajes decentes


Vista "in nature" da praia em Zipolite


Outra vista da praia... eu sei que mal da pra ver nada, mas sinceramente, pegava mal ficar tirando foto do povo peladao!

Como sempre, fomos o trio parada dura: eu, Rosario e Gerardo. Legal é que com eles (quase) nao tem tempo ruim, porque se é festa eles topam. E a ideia era ser hippie por uma semana - mas com classe, claro, porque no fundo temos la as nossas frescuras...

Na primeira noite em Zipol, conhecemos o Victor, um riponga que vende artesanato por ali e nos convidou pra uma festa na beira da praia. Dai nao demorou nada para converte-lo em nosso lider hippie e convence-lo a nos levar de expediçao a Chacahua.

Estavamos animadissimos, porque todo mundo dizia que la era como Zipolite ha 10 anos atras. Bom, mais ou menos... Chegar foi uma aventura, me sentia em pleno sertao do Alagoas, depois de quase 4 horas de intensa baldeação, entre bananas e frangos, um calor de lascar e muita poeira.









Realmente a infra do lugar correspondia a fama, mas o resto foi a maior decepçao. Ao contrario do que pensavamos, nao tinha nada de hippies peladoes fumando maconha na praia. O que abundava eram familias inteiras, com crianças e cachorros, e bandos (bandos!!!) de adolescentes recem-saidos do colegio. Alem disso, um vento de levantar dunas na beira da praia, e tudo carissimo.





A verdade é que dormir em uma cabana com teto de palha e chao de areia, e dividir banheiro com mais 30 neguinhos no mesmo camping, nao faz exatamente parte do meu projeto de vida.

Assim, ao mesmo tempo que nos cansamos de brincar de hard-hippie em Chacahua, nosso lider tambem se cansou de nos, ainda mais quando percebeu que nos nao iamos mesmo pagar nada pra ele, e ainda por cima pediamos seu beck emprestado!


Seguindo a linha do feriadao, o Gerardo me fez umas trancinhas bem bacanas com fios coloridos.

Quase chegando de volta em Zipolite, conhecemos 2 estrangeiros: Micah e Dougal. Os dois eram super simpaticos - e muito gracinhas, diga-se -, embora nao falassem muito bem espanhol, o que acabou sendo bem divertido porque lhes ensinamos tudo o que precisavam saber para sobreviver. Reencontramos os dois na praia a noite, formamos um grupo e ficamos ali tomando umas cervejas.

Parenteses "Super Interessante": O tempo todo, bebiamos bastante, mas descobri que ha muita vantagem no fato de morar em um lugar alto como Toluca, pois quando se desce ao nivel do mar, o alcool faz menos efeito (sabia?).

Esses dois eram gente bem mais interessante que nosso lider hippie, e entre dois ou tres idiomas entendemos que Micah é americano, mora em Nova York, e deixou seu emprego de diretor de vinhos em um restaurante italiano para viajar o mundo. Dougal é irlandes, mas mora na Nova Zelandia, onde fez mestrado em Inteligencia Artificial e trabalhava como assistente de professor na universidade, ate que se cansou e deciciu fazer uma viagem ao Mexico e America Central para aprender espanhol.

Como o Dougal quase nao falava espanhol, e eu estava com uma preguiça enorme de usar meu ingles, fui conversando com o Micah, e quando vi estavamos so nos dois conversando, num clima algo assim como "Hoje a noite nao tem luar"...



Lembrei como é uma delicia lidar com caras mais novos. Nao sei, é outra cabeça, outro pique, menos neura, me parece.



Pena mesmo que eu tinha que vir embora, passagem comprada e muita costura pra entregar na segunda, de modo que por enquanto "...eu acordei sem saber se era um sonho".


P.S.: Passei a semana toda ensinando a letra de "Garota de Ipanema" para a Rosario e o Gerardo. E nao é que eles aprenderam? Virou nosso hino de anunciação!


Ouvindo: Capital Inicial - A sua maneira

sábado, 26 de março de 2005

Sabado

Sabado de manha me lembra sol, feira na Fradique, caldo de cana e tapioca, pao fresco, casa limpa. Minha casa.

domingo, 20 de março de 2005

Semana Santa

Estou de recesso até segunda que vem, de ferias (ai, essa vida estressante...) na praia, em Zipolite, Oaxaca. Prometo tirar fotos, OK?

terça-feira, 15 de março de 2005

Deus, esse grande sujeito

Hoje nao vou escrever muito com as minhas proprias palavras. Estive batucando essa cançao do Fellini ha dias, tentando me lembrar da letra (que na verdade nunca soube, porque a unica gravaçao existente é sofrivel), pois queria te-la incluido na carta que mandei ontem. Enfim, um gentleman postou-a hoje no orkut, mas chegou tarde. De qualquer modo, deixo-a aqui:

"Presença de espírito
Oro ao Deus nos caminhos públicos
Será um novo tempo
Neve nos seus pêlos púbicos

É o destino... É o destino...

Eis os inocentes
Deus de riso todo dentes
Deus dos bons momentos
Deus, esse grande sujeito

É o destino... É o destino...

Vejo em teu silencio
Sonhos e pensamentos quentes
Planta que a vi
Mando meu sorriso abrir

Deus, esse grande sujeito"


P.S.: "neve nos seus pelos pubicos" é a imagem que mais me encanta...

segunda-feira, 14 de março de 2005

Vista panoramica

Começo a curtir a vista daqui de cima, do alto dos meus 30 anos, orgulhosamente balzaquiana (é inevitavel usar o termo...). No começo senti uma certa vertigem, mas deve ter sido so efeito da festa no sabado, que estava otima e se encompridou ate as 5 da manha, quando ja nao me aguentei mais e joguei a toalha molhada de samba, suor e cerveja.

Teve um episodio curioso sobre o meu aniversario, que se analisado sob uma otica de aprendizagem espiritual pode trazer um significado profundo de transcendencia individual no plano psico-afetivo, ainda mais considerando o relativamente recente historico emocional de relacionamentos em planos nao tao espirituais. Ou nao.

Enfim, como nao se faz 30 anos todos os dias, decidi que para essa ocasiao eu devia me dar um presente de aniversario bem bacana. E comprei um narguile. Se tem algo que quem me conhece relativamente bem deve saber - alem de que eu sou vegetariana - é que eu sou bem fã da cultura do oriente medio, especialmente da comida e do narguile. Tanto que eu ja tenho um que, lamentavelmente, tive que deixar no Brasil, simplesmente porque achei que seria "too much" traze-lo na bagagem, e tudo bem.

Mas eu nao contava com a maozinha do Destino, que colocou R. na minha vida para me levar a "La Gitane", assim como quem nao quer nada. Dai, cai em tentaçao de novo.

Descobri - ou acabo de inventar - que essa peça que eu tenho no Brasil na verdade é UMA narguile, que vou chamar de Laila, porque me parece um bom nome para uma narguile turca.

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Laila foi comprada no Kapali Çarşi (Grand Bazaar) de Istanbul, e eu tenho um grande carinho por ela, apesar de saber que é uma peça bastante ordinária por la. Desde o inicio tivemos bons momentos juntas, e a memoria afetiva que carrega nao me deixaria despreza-la jamais. So que o que eu queria agora era um verdadeiro narguile, macho, grande e imponente. E procurando aqui e ali, descobri um rapaz que vende narguiles confiaveis, embora de procedencia desconhecida, numa cidade aqui perto. E la fomos nos de excursao a Huixquilucan em busca do meu futuro presente de aniversario.

Parenteses afetivo: Rosario e Eduardo foram maravilhosos!!! Estando super ocupados esses dias, deixaram o trabalho de lado e tiraram toda uma tarde pra me levar a Huixquilucan e me fazer feliz! Eles sao muito fofos... Fecha parenteses.

E fui feliz, porque encontrei o que queria.

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Nao é lindo?

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Nos divertimos muitissimo essa noite, e o narguile teve lugar especial. Fiz um jantar arabe, na medida do possivel, porque tudo era muito dificil de encontrar aqui, mas finalmente tivemos arroz com lentilhas, taboule de couscous, hommus, coalhada, pao sirio e malabie (que sempre que eu faço, lembro da Telma).

Tambem nao podia faltar Tarkan e dança do ventre, ou seja la o que for que conseguiamos dançar depois de tanto vinho...

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Fim da festa.

No dia seguinte, quando estava na cozinha tomando café com o Gerardo, so ouvi o barulho do vidro se rompendo e a Rosario gemendo "ay-Andrea-no-me-odies-por-todo-sempre"... Limpando a mesa, ela segurou o narguile pela parte de cima (regra numero um: NUNCA suspenda o narguile pela parte de metal) e deixou cair a base... sobraram uns caquinhos.

Ainda bem que nem tinha dado tempo de ter carinho pela peça, e afinal era so um objeto, um capricho de aniversario que cumpriu o seu papel e ponto. Do ponto de vista de uma aprendizagem espiritual no plano psico-afetivo de transcendencia individual, e considerando meu recente historico de envolvimentos emocionais, isso me valeu como um exercicio de desapego. Porque nem tudo nessa vida foi feito pra durar, por mais bonito que seja.

Gostaria de te-lo chamado Yaman (o único).


Ouvindo: Tarkan - Sorma kalbim

sexta-feira, 11 de março de 2005

Do 29º andar... e subindo!

Nao sei do que quero começar a falar, mas sei que ha uma serie de assuntos que estao rondando meus pensamentos nos ultimos dias e que, como crianças mimadas, me pedem atençao, gritam, me chamam, e nao me abandonam, nao me deixam em paz. Nao queria admitir, mas deve ter a ver com essa data fatidica que se aproxima, esse momento crucial da vida do ser humano que é completar 30 anos. É um momento simbolico, mas em algum sentido verdadeiramente transformador tambem. Sempre achei muito bonita aquela cançao da Legiao Urbana sobre o retorno de Saturno*, e ha um tempo atras encontrei um texto falando sobre isso que achei muito, muito interessante. Na epoca, eu identificava claramente uma outra pessoa, que estava passando por essa fase, refletida naquele texto, que hoje tambem se aplica a mim muito bem.

É significativo que eu esteja completando 30 anos (dentro de alguns dias) longe de casa, da minha familia e dos meus amigos mais queridos, porque de alguma forma esse era o futuro que eu sempre sonhava, de viajar muito, ter um trabalho bacana, conhecer o mundo, viver culturas diferentes, aprender outros idiomas e - porque nao? - ganhar algum dinheiro, ou seja, todas essas outras coisas a que as pessoas chamam de "ter sucesso". Mas tudo tem um preço, e por outro lado essa ganancia me priva de outras coisas importantes, que ha pouco tempo descobri que tambem fazem parte dos meus sonhos, como ter uma vida simples, comum, estavel, incluindo casar, ter filhos, cachorros, ferias na praia e um jardim de roseiras. Mas parece que ja estou perdendo a ilusao de que um dia isso vai virar realidade...

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Ainda acho que eu nao tenho muito jeito com crianças, nao me sinto a vontade, é extraño. De uns anos pra ca, quando comecei a considerar a possibilidade - e logo realmente ter vontade - de ter filhos, passei a pensar que isso é algo que deve rolar naturalmente, uma vez que se tenha os proprios, mas nao sei, tenho la as minhas duvidas...

A Nadia, que segundo meus calculos acaba de dar a luz ha umas poucas horas - pela primeira vez, e de gemeos! - no ultimo e-mail que me mandou me disse o seguinte: "é muito legal quando a gente faz as coisas na hora certa, depois de ter curtido tanto a vida sozinhas... um dia voce vai entender o que estou te falando (...) è bom ser cidadã do mundo... agora começo a fazer o papel de mãe, e te garanto que por mais que não nos achemos egoístas, é numa situação assim que voce ve o quanto é ainda possível pensar menos em nós mesmos!! dedicar nosso tempo aos outros, muito especialmente aos filhos...", o que vindo dela, para mim é um forte sinal de que realmente ninguem pode com a mamae-natureza.

Mas como o A. ja tinha me falado, pessoas como eu, ele, e outras que conheço mas nao vou citar nomes, nao fomos feitos para nos satisfazer com uma vida comum e corrente, que eu nao ouso dizer que seja melhor ou pior do que aquilo que almejamos, mas simplesmente nao condiz com a nossa natureza.

Tambem ontem tive uma conversa tao interessante no msn com o Ruben, um mexicano que conheci ha um tempo atras em Nova York, e como eu estivesse reclamando de amores, ele me disse que talvez eu nao tenha nenhum "galã", que é como chamam os namorados aqui no Mexico, por que os homens tem medo de mim, da minha inteligencia, mas que devo ter muitos admiradores secretos (o que, ca entre nos, se sao secretos, me servem pra que?!).

E eu, que nao sou nenhum genio (embora as vezes engane bastante bem... hehehe), me pergunto como os homens podem ser tao tolos a ponto de nao perceberem como é facil impressionar uma mulher. Basta ter coragem de ser o que se é. Como o R., que é uma pessoa tao bonita e autentica, que apesar de me conhecer ha 3 dias, nao se deu ao trabalho de esconder de mim quao triste e solitario se sentia, e com isso me cativou, me comoveu. É um ser humano. E absolutamente adoravel.

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Alguem duvida que eu estava feliz em Montreal?


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Algo que me deixou muito, muito, muito feliz e profundamente emocionada, foi saber que estao organizando uma festa de aniversario la em casa pra mim, na proxima quarta. E mais que tudo, com a presença do publico fiel das quartas gastronomicas. Tel, Fabi, Clau, Joao, Andre, Afonso, Dé, Almira, Cris, Almir... voces nao tem ideia do quanto isso significa pra mim. É como ganhar um tributo em vida! :)


(*) "Perdi 20 em 29 amizades
por conta de uma pedra em minhas maos
me embriaguei morrendo 29 vezes
estou aprendendo a viver sem voce
ja que voce nao me quer mais

Perdi 29 meses num navio
e 29 dias na prisao
e aos 29, com o retorno de Saturno
decidi começar a viver

Quando voce deixou de me amar
aprendi a perdoar
e a pedir perdao

29 anjos me salvaram
e tive 29 amigos outra vez"

quarta-feira, 9 de março de 2005

Pelo tamanho de seus dedos, foi so um pequeno adeus

Tem episodios na vida da gente que so se consegue dimensionar depois que passam, nao é? Muito depois, ou logo depois. Sempre que me cai a ficha logo depois, eu me lembro do trecho de uma HQ onde diziam que a isso se chama algo como "L'esprit de l'escalier", que é aquele momento quando voce ja esta descendo as escadas pra ir embora e te vem uma luz, aquela frase que que devia ter sido dita, a descoberta profunda da importancia daquele momento que passou... Enfim, quando cai a ficha.

Eu senti uma vontade enorme de ficar mais tempo em Montreal. Porque agora percebo que tanto quanto o momento da partida foi natural, tambem teria sido natural continuar vivendo ali, num conforto e aconchego que me lembra muito mais a minha casa do que esse lugar onde vivo agora.

No meio da viagem (que foi a primeira grande desde que vim para o Mexico), me dava um calafrio gostoso a expectativa de "voltar pra casa", ate que eu me lembrava que "voltar pra casa" ja nao seria aterrissar em Congonhas, pegar o Airport Service ate a Paulista e depois o metro para a Vila Madalena. E que eu nao ia poder ver um filme no Bristol no fim de semana...

Mas talvez nada disso tivesse acontecido se eu nao tivesse conhecido o R. em Montreal. Pra mim, foi um desses encontros que o destino vai tecendo, armando, elaborando, pacientemente, ate chegar o tempo certo de acontecer. E nao foi quando ele me ofereceu sua casa para ficar, nem quando pegou minha mao pela primeira vez, ou quando ouvi suas historias, fui seu colo e remedio pra dor de dente, nem quando por coincidencia ele me levou a um bar egipcio e fumamos narguile, ou quando choramos juntos no metro, cada um embutido na sua propria tristeza e saudade, nem no ultimo gozo, ou finalmente quando dividimos o abraço gostoso e cumplice da despedida, que eu percebi o quanto gostei dele. Foi so quando entrei no aviao e vi Montreal ficando cada vez menor, tao pequeno quanto eu, quando cabia na sua mao.


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R. olhando a neve caindo la fora...

Li hoje essa citaçao num post do blog da Si que diz muito do que eu ja sabia: "Quando se quer algo, pode-se entar em conexão com as coisas no universo. Temos o poder de aproximar o que queremos".

Mesmo quando a gente nem tem plena consciencia do que é que se quer.


Ouvindo: Damien Rice - Volcano

segunda-feira, 7 de março de 2005

Gastronomie quebecquoise

Regra numero um da experiencia turistico-gastronomica: nunca comer 2 vezes no mesmo lugar, a menos que a comida seja absolutamente excepcional e voce tenha dinheiro para bancar (ja que, em geral, as comidas absolutamente excepcionais se servem em lugares escandalosamente caros).

Creio que posso dizer que tive uma experiencia gastronomica variada em Montreal. Diria que é uma cidade que, como Sao Paulo, nao tem uma culinaria essencialmente propria, mas alberga uma variedade impressionante de cozinhas de seus imigrantes: indianos, libaneses, italianos, tailandeses, chineses, e sobretudo franceses. Nos 3 dias de congresso, tive 3 visoes distintas da cidade na hora do almoço, apesar de o almoço estar incluido no preço do congresso (que nem precisa dizer, mas diga-se, nao era nada barato).

No primeiro dia, bom, é meio ridiculo dizer isso, mas eu fiquei com vergonha de almoçar la porque as mesas eram comunitarias e eu nao conhecia ninguem! Dai, apesar do frio, venceu a curiosidade de flanar (ai, acho flanar um verbo tao frances, tao chique...) pela cidade e sai para caminhar um pouco e ver o que havia por ali. Nao sei dizer que conheci uma cidade se eu nao puder caminhar pelas ruas e "ver" coisas. Nesse caso, era quase uma loucura querer caminhar pelas ruas com um frio de varios graus abaixo de zero. E a cidade nem era tao fascinante, ate eu descobrir o Boulevard St. Catherine... entao eu simplesmente nao podia parar de caminhar e me dizia "so mais um quarteirao, so quero ver o que tem no proximo quarteirao" and so on...

Ate que, nao sei se o frio apertou, ou foi o fato de ter visto um shopping (hehehe...) que me fez entrar por uma porta para descobrir uma galeria ja meio decadente, mas com uma praça de alimentaçao, digamos, multicultural. Tudo muito autentico, atendentes incluidos.

Sopa de lentilha 2,45
Nan (pao indiano) 1,25
Chai no Starbucks 4,25 (arghhh! Eu admito, pago pela marca)

Voltei satisfeita, do estomago ao coracao.

No segundo dia, conheci a Livia e ela me falou que a gente podia almoçar juntas. Ja nao tinha o problema da vergonha, entao la fui eu ao buffet do hotel. Nao estava mal. Comida correta, padrao internacional (em outras palavras, gostosa mas sem graça).

Sopa creme de aspargos + Risoto neutro (preço censurado)

Por fim, no terceiro e ultimo dia, me bateu uma certa preguiça e eu quase esperava servirem novamente o buffet do hotel, mas lembrei da regra numero um, e de algo interessante que eu havia visto no guia da cidade: "o maior buffet indiano da America do Norte"! Eu nao podia fazer essa desfeita ao Joao...

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Seçao vegetariana (com pimenta, pra lembrar do Mexico) + lassi salgado + cha com especiarias + o melhor gullab jamun que eu ja comi na minha vida = 16,09

Sem duvida, esse foi pra fechar com chave de ouro...


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... sem contar a caminhada de 15 minutos debaixo de neve... Lindo!

domingo, 6 de março de 2005

IA Summit, Montreal

Eu devia ter trazido meu laptop para essa conferencia, porque nao ter laptop aqui é quase um crime, um pecado, ou mais ainda um castigo, ja que no hotel tem conexao wireless assim, no ar (literalmente) e totalmente free. Tambem ia me ajudar a ir adiantando uns textos pro blog, ando inspiradissima esses dias por uma serie de razoes e uma em especial, eu diria. Bem mais bacana quando voce escreve algo sabendo que alguem te le com atencao. Por outro lado, pode ser um pouco constrangedor sabendo quem te esta lendo... Mas claro que a inspiracao some quando chego frente a uma tela de computador em um cybercafe a 6 dolares a hora de conexao.

Voltando ao Summit, é um tipo de conferencia desconcertante para mim, porque por um lado tem sessoes tao basicas sobre conceitos de informacao que me fazem pensar o que estou fazendo aqui, e por outro traz umas questoes tecnicas e de business que me dao vergonha de descobrir como é que eu nunca tinha ouvido falar disso! No geral, otimo pra cabeca, mas chega a ser um pouco consativo as vezes, por ambas razoes.

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Nao encontrei nenhum conhecido (exceto a Livia, que eu so conhecia de e-mail e é bem simpatica pessoalmente, tem um "que" de Mariana ela, sei la...). No fundo, fiquei aliviada de nao encontrar o B., seria constrangedor e annoying nessa altura do campeonato. Chega de sofrer, ne?

Quem ia gostar muito de estar aqui é a Si, fiquei pensando muito nela quando resolvi vir, e ate comentei com a Livia que a gente devia fazer um lobby pra traze-la no proximo Summit. E achamos que a Si tambem devia dar uns workshops sobre IA no Brasil. Juntando com a Michely, pra falar sobre taxonomia, sabe que eu acho que dava certo mesmo?

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Amanha eh o ultimo dia de conferencia e ainda vai sobrar um tempinho pra dar uma volta por Montreal. Hoje teve neve pela primeira vez. Fraquinha, mas teve. Claro que sai na rua pra sentir o gostinho da neve batendo no rosto, tupiniquim total. Mas minha pele esta quase virando um pergaminho, de tanto frio que peguei esses dias. E vou por a culpa no frio mesmo, e nao nessa barba que fica roçando meu rosto todas as noites, que dessas coisas nao se reclama... ;)

sábado, 5 de março de 2005

Ouvindo Leonard Cohen

Ha tempos nao pintava tanta magia na minha vida. Afinidades. Pais estrangeiro. Casa pequena. Livros. Sonhos. Aconchego. Cerveja gelada. Falar portugues. Um toque das maos. Falar baixinho. Dar colo. Nao falar. Leonard tocando de memoria, no coracao.

sexta-feira, 4 de março de 2005

Muito abaixo de zero

Parece brincadeira, quando eu falei pra Nanny umas semanas atras que eu vinha visita-la em Quebec... mas nao é que eu vim mesmo?

Passei esses dias super bem, apesar do frio muito abaixo de zero, mas que enfim faz parte da graca de vir ao Canada no inverno. A Nanny e o Kmr me receberam super super bem na casa deles, a Yasmin continua fofa fofa fofa, que nao da pra nao rir das carinhas lindas e do charme todo que ela faz. Ser crianca é muito bacana, algo que a gente devia manter pra sempre, faz a vida muito mas leve... mas sinceramente, ja nao estou tao segura de que quero ter filhos, ou pelo menos nao os 3 que eu estava planejando, ou pelo menos nao tao ja.


Esse é o castelo de (... ahn, esqueci) bem no centro antigo de Quebec City. Hoje em dia é um hotel, e faz frio pra c*** la em cima...



Um dos passeios que fiz com a Nanny foi no Parc de la Chute Montmorency (acho que eh assim que escreve), um lugar pertinho de Quebec onde tem uma cachoeira de 83 metros, que segundo o guia de viagem do Gerardo, eh maia alta que o Niagara! Por favor, notem que metade da cachoeira, ao fundo, esta congelada!!! Por ai, imaginem o frio que a gente tava passando nesse momento.



Eu tava me sentindo a propria esquimo nesse dia, juro que nunca senti tanto frio na minha vida. Mas nao vou dizer que nao quero voltar a sentir... vai que algum dia rola um convite pra ir a Siberia? Eu nao diria nao.

O outro passeio tipo pra-contar-pros-netos foi ao Hotel de Gelo. Eu lembrava de ja ter visto uma reportagem sobre ele numa revista de turismo, mas nao sabia que ele ficava no Canada, e naquela epoca nem de longe me passou pela cabeca que um dia eu poderia vir ate aqui, na verdade acho que ate pensei algo como "que diabos eu faria num lugar desse?", mas quem ta na chuva (ou melhor, no gelo)...

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É verdade que o hotel é todo feito de neve e gelo, mas nao creiam que alguem se hospeda la. Aparentemente, ele eh mais usado para cerimonias de casamento (claro, somente para noivas que se vestem de urso polar... hahaha) e festas badaladas, considerando que parte do hotel é uma danceteria e tambem tem um bar tematico da vodka Absolut, onde voce pode beber a propria em copinhos feitos de gelo (!!!).

Bem se ve que eu deveria mesmo continuar lendo revistas de viagem, afinal nunca se sabe onde se vai parar no dia de amanha, principalmente no meu caso, e principalmente se eu ainda pretendo continuar justificando o nome desse blog. Amém!

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Quebec tambem tem comida muito boa, muitos restaurantes franceses e um bocado de vegetarianos. So nao comi mais esses dias porque sentia um cansaco imenso, inexplicavel, que me fazia hibernar a cada 3 minutos de inatividade. Segundo a Nanny, efeito do frio.

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Fiquei com vontade de voltar a Quebec no verao, ver uma cidade completamente diferente do que é agora. Mas o mundo é tao grande e tem tantos lugares que ainda quero conhecer... Na volta, quem sabe? ;)