sábado, 24 de março de 2007

Os dragoes

Foi muito feliz ter ido pra Paris. Um verdadeiro presente mesmo. Finalmente, tive ferias propriamente, como eu gosto e preciso, sem programaçao, sem obrigaçao de fazer nada, sem horarios, sem ter que agradar a ninguem senao a mim mesma, sem ninguem. Ficou claro pra mim que eu adoro estar só, preciso disso, e do ócio que acompanha a solitude.

Também percebi que menos é muito mais. Por exemplo, sem muito $$ pra gastar, o que resta é viver, sentir, aproveitar o que se tem. Ha tempos venho revolvendo essa ideia, e me faz um bem enorme pensar assim. Simplicidade. Felicidade. Muito tempo pra pensar, andar tanto pela cidade (cidades, eu amo cidades!), ver lugares novos e ao mesmo tempo conhecidos, procurar referencias, despertar e matar saudades, resolver pendencias comigo mesma. Pra mim, fechou.

A vista do Seine da janela do studio, o crepe de champignons perto do Jardin du Luxembourg, o vendedor de livros no Quartier Latin, sao coisas que nao vou esquecer. Minha unica foto, em frente a Notre Dame, espero guardar de lembrança junto com a outra unica que sobrou de 2002, com a Torre Eiffel ao fundo. Assim como nao me esqueci do nome das ruas e dos lugares no Marais, e descobri coisas novas como o Chez Marianne, o cinema na rue de la Boucherie, e o Mariage Frères (très très chic!), fiz questao de nao ir ao Louvre (embora tivesse planejado o contrario, a principio), nem a Champs Elysées ou a Sacre Coeur. À Torre Eiffel nao fui por falta de tempo, e ainda me falta conhecer a igreja de St-Germain-des-Près e Versailles. Fica para a proxima vez. Que havera.


Paris, 2007



Paris, 2002


***

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder."

(Caio Fernando Abreu, in Os dragoes)

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