quinta-feira, 28 de abril de 2005

Poema

"Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de chôro
Desculpa para um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo, mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim (que não tem fim)
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito
Porque é iluminado
pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás."

Lembrando do R. e precisando muito de um abraço forte...

Cuernavaca

Ontem finalmente fui a Cuernavaca (esse nome sempre me da vontade de rir), almoçar com o Marco, o Carlos e a Monica, da revista Saude Publica de Mexico. Desde que eu cheguei, o Marco tinha me comentado que o Carlos queria conversar comigo sobre a revista. Alem disso, gosto muito da Monica, e ela ja tinha me falado muito bem de Cuernavaca.

Aproveitei que o Hector (que nos hospedou em Valle de Bravo) me convidou para ir de carro com ele -- e essa parte tambem foi otima, porque o Hector é uma pessoa super agradavel e o caminho que tomamos entre Toluca e Cuernavaca era uma beleza de campos, pueblos, lagos, bosques e curvas -- e aceitei o convite.

Na parte da manha, fui ao centro fazer o roteiro basico zocalo-catedral-museu-artesanato, e a tarde fui encontra-los. O que me chamou a atençao em Cuernavaca é que o centro da cidade nao esta organizado como de praxe, porque a catedral esta relativamente longe da praça central. A catedral é uma das mais antigas do pais, conserva toda a estrutura do seculo XVI, incluindo os afrescos internos e uma estranhissima caveira de pirata na fachada.

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No Palacio de Cortez, onde viveu esse bondoso senhor e hoje funciona um museu regional, vi um mural maravilhoso de Diego Rivera sobre a conquista do estado de Morelos e varias figurinhas de ceramica da cultura pre-hispanica.

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Emiliano Zapata é o heroi por excelencia aqui.

O almoço tambem foi bem bacana, conversamos bastante sobre a revista e tecnologias, fiz toda a propaganda do projeto - como tinha que ser - e acho que todo mundo saiu satisfeito. Fiquei particularmente feliz comigo mesma, profissionalmente.

Quando chego em casa, vem a ma noticia: minha passagem de volta venceu no dia 25 e se perdeu porque ninguem lembrou de mudar a data. E como a reitoria diz que nao vai pagar outra, decidiram que eu é que tenho que pagar. É mole? Me superemputeci com essa historia, porque nunca falamos nada sobre essa passagem ate antes de ontem (26), quando EU me lembrei de pedir a eles que fizessem a nova reserva para junho.

Vamos ver como consigo resolver isso. Se bem que, do jeito que eu estou louca pra voltar pro Brasil, comprava a passagem por minha conta pra semana que vem!


Ouvindo: Zelia Duncan - Beleza facil

terça-feira, 26 de abril de 2005

Oaxaca e Puebla

É impressionante como, com tantas coisas para contar, nao me sobre tempo para escreve-las. Tenho tentado viver em "mono-task mode" para aproveitar melhor a vida, e certamente essa foi uma sabia decisao. No fim das contas, a gente se preocupa demais com coisas que nunca vao chegar a acontecer.

A semana passada foi uma bencao, uma delicia, uma maravilha! Estava com tanta saudade da minha irma, que agora tenho que fazer um baita esforco para continuar vivendo "aqui e agora" e nao com a cabeca o tempo todo no Brasil, porque, claro, estar com ela me traz tantas lembrancas e ainda mais saudade de tudo o que esta tao longe, tao perto.

Mas vamos ao que interessa, ou melhor, ao que interessou: Cidade do Mexico, Oaxaca e Puebla.

Bom, da Cidade do Mexico nem posso falar muito, porque estive trabalhando enquanto ela passeava por la com o Gerardo - e ao final, os dois se entenderam muito bem, quem disse que o portunhol nao funciona? - e, curiosamente, eu nao conheco boa parte dos lugares onde eles estiveram.

Eles foram tambem a Teotihuacan, onde eu estive ha um tempo atras, e é um dos lugares mais impressionantes que ja vi. Pra quem pensava que no Mexico nao havia piramides - ate Caio Fernando Abreu cometeu essa gafe no primeiro texto de "As frangas" - informo que Teotihuacan é so um desses lugares. Aparentemente, os astecas, zapotecas, mixtecas e todos os outros "tecas" que passaram por aqui eram muito bons nisso (vide Monte Alban, Mitla, Cholula, Tulum, so para citar alguns), assim como para inventar nomes (Azcapotzalco, Xinantecatl, Tianguistenco, so para mencionar alguns...). O catalogo de cidades mexicanas podia ser vendido como trava-lingua, e devia fazer parte do kit-fonoaudiologo!

Quando, enfim, consegui me libertar do trabalho - nao sem deixar uma meia duzia de coisas pendentes para tras - pegamos o busao para Oaxaca, a cidade mais prometida por todos os mexicanos que ja conheci. Claro, se voce é de fora, eles vao te dizer que todas as cidades mexicanas sao lindas, mas Oaxaca é realmente uma unanimidade entre eles, tanto pelas riquezas arquitetonicas, como pela culinaria "exquisita", na qual um dos pratos mais afamados sao os chapulines, essas coisas nojentas que nos conhecemos por gafanhotos. E Oaxaca é uma cidade bonita, sim, desde que nao se saia do quadrilatero desenhado para os turistas. Fora isso, sou mais a 25 de marco num sabado de manha.

Outra coisa famosa e tradicional por la sao os chocolates, que tambem servem de base para os moles regionais (negro, rojo, coloradito, almendrado... basicamente sao feitos com chile, chocolate e uma dezena de outros ingredientes). Nas inumeras lojinhas, voce pode ver como eles produzem o chocolate e os moles, e tambem experimentar os produtos. Na nossa modesta opiniao, se instalassem uma fabrica da Dizioli em Oaxaca, eles iam arrasar com a concorrencia.

Para mim, o que valeu realmente a pena da visita a Oaxaca foi o passeio que fizemos a Hierve el Agua, que nao é uma fonte de agua termal, como o nome sugere, mas de agua mineral gasosa, que quando sai da fonte da a impressao de que esta fervendo. Hoje a fonte so da um fiozinho de agua, mas imagino que deve ter sido caudalosa em outros tempos, porque o alto teor de minerais da agua foi formando com o tempo umas cascatas de rocha colorida que é puro espetaculo.

Adoraria colocar umas fotos aqui, mas tive o azar de passa-las a um CD quando acabou o espaço do cartao de memoria da camera, e acontece que nao consigo ler os arquivos do CD. A outra zica do fim de semana foi que perdi meu celular... mas isso tudo ja foi em Puebla.

Tinha lembranças bastante confusas e contraditorias em relaçao a Puebla. Estive la uma unica vez, ha cerca de 2 anos atras, e foi la que eu recebi a noticia de que minha mae tinha morrido. Naquela ocasiao, no meio de toda a angustia e tristeza, eu nao queria ver ou falar com ninguem, e entao fui dar uma volta sozinha pelo centro da cidade, que tem uma arquitetura belissima, da qual eu mantinha uma vaga lembrança.

Dessa vez, mais tranquila, e com a Dé do meu lado, pude apreciar melhor a cidade e descobri que é uma das mais bonitas que ja visitei aqui. Puebla tem uma alegria nas ruas que nao vem dos turistas, apesar de have-los aos potes por todos os lados, mas do povo mesmo, muitas crianças, gente sorridente. Ou eu que estava de muito bom humor. Tambem senti que a sintonia com a Dé estava melhor do que em Oaxaca, e a gente conversou muito muito muito e fez muitas coisas legais juntas.

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Em Puebla, a "exquisitez" culinaria sao os gusanos de maguey. Quer saber o que sao? Sao as larvas de um bicho que cresce no agave (o cactus de que se produz o tequila), fritos e temperados... Esse é de dar agua na boca, nao? Do "suor" dos gusanos tambem extraem o sal com que se toma o tequila, ou melhor dizendo, o mezcal, que é uma especie de tequila produzida a partir de outro tipo de agave, tipico dos estados de Oaxaca e Guerrero.

A Rosario foi com a Gabi e o Gerardo nos encontrar em Puebla, mas ela estava tao irritada e de mau humor que, na volta, ninguem queria ir no banco do passageiro! Eu e a Dé ficamos essa noite na casa do Gerardo, porque no dia seguinte tinhamos que estar no aeroporto as 5 da manha.

E dai, minha irma foi embora... buááááá!!! Ja to com saudades dela...

terça-feira, 19 de abril de 2005

Like the desert miss the rain

Depois de um fim de semana tao bacana, com cheiro de gostar de alguem e jeito de estar em casa, hoje me sinto profundamente só nesse apartamento maior e mais vazio. Sinto falta das risadas, do aconchego, da babel de idiomas, de saber quem vai pagar o proximo taxi, de um abraço gostoso.

Quem me faz companhia é a Anastasia, talvez sentindo mais falta da a variedade de colos do que eu. Estou brava com ela*, mas agora deixo que ela suba e se aninhe enquanto escrevo. Enquanto chove.

Hoje a Dé foi para o Mexico com o Gerardo, passear, que ninguem é de ferro. E eu amo tanto a minha irma que jamais a deixaria passar 2 dias se aborrecendo em Toluca. Mesmo que eu sinta falta dela (tambem).


Ouvindo: Flavio Venturini - Teu olhar, meus olhos

=====


(*) Fiquei na duvida se ia contar isso aqui, porque é muita vulgaridade, mas por outro lado tem um "que" de pitoresco que precisa ser aproveitado. A noite passada, descobri que tinha mais uma visita em casa, nesse caso nao convidada. Ao afastar um movel para ver que diabo era aquele cheiro horrivel empesteando a cozinha, descobri um rato morando ali debaixo. E a doce Anastasia, o que fez? Foi se esconder debaixo do sofa!!! Eu mereço uma gata dessas?

Como nem passou pela nossa cabeça matar o rato, ainda mais aquelas horas da noite, trancamos a porta da cozinha para dormir em paz (o que nao impediu o rato de invadir os meus sonhos...) e hoje pela manha, veio o pedreiro da Rosario caçar o bicho. Missao cumprida. E mais essa pra eu passar a noite sozinha aqui!

segunda-feira, 18 de abril de 2005

Hora de voltar (dessa vez nao é o filme...)

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"Tom, get your plane right on time.
I know your part’ll go fine.
Fly up from mexico.
Da-n-da-da-n-da-n-da-da and he is there,
The only living boy in new york.
I get the news I need on the weather report.
I can gather all the news I need on the weather report.
Hey, I’ve got nothing to do today but smile.
Da-n-da-da-n-da-da-n-da-da he is there
The only living boy in new york

Half of the time we’re gone but we don’t know where,
And we don’t know here.

Tom, get your plane right on time.
I know you’ve been eager to fly now.
Hey let your honesty shine, shine, shine
Da-n-da-da-n-da-da-n-da-da
Like it shines on me
The only living boy in new york,
The only living boy in new york."

Simon & Garfunkel, com uma pequena adaptação...

domingo, 17 de abril de 2005

"Yo gusto porque es mucho bueno!"

Nem acredito! Depois de quase 3 meses por aqui, finalmente tenho um fim de semana recheado de visitas, que delicia!

Finalmente, consegui convencer minha irma a fazer sua primeira viagem internacional (de muitas que virao, espero, se eu continuar nesse ritmo...) e vir passar uma semana comigo no Mexico. É bobo, mas fico emocionada por ela. E muito, muito feliz de te-la aqui comigo, nem que seja por uns pouquinhos dias, e poder lhe mostrar todas as coisas bonitas, diferentes, estranhas, interessantes, curiosas, incriveis, que ja vi desse pais, alem de descobrir coisas novas com ela.

Alem da De -- e nao menos importante -- o Micah tambem veio me ver esse finde, depois de tres semanas desde que nos conhecemos em Zipolite, e antes de voltar pra casa, em NY.

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Esse domingo, fomos a Metepec, uma cidadezinha aqui perto, famosa pelo artesanato bom, bonito e barato. Curiosamente, a maioria das lojas estava fechada quando chegamos (desconfio que acordamos muito tarde esse domingo...) e aparentemente a qualidade da comida la é inversamente proporcional a qualidade do artesanato. So o Micah ficou feliz da vida por comermos pizza, ainda por cima mexicana (e com jalapeños, claro!).

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Como nao posso, e nem quero, resistir aos encantos de um artesanato regional -- entre outros -- acabei comprando uma miniatura de "arbol de la vida", uma representaçao de Adao e Eva no paraiso no inicio do inicio, que é uma das figuras tradicionais da cultura mexiquense nessa regiao. Vai ficar um charme na minha estante de recuerdos de viagem em Sampa... Fiquei imaginando que a Fabi iria curtir bastante Metepec, se estivesse la conosco.

Parenteses salvaguarda: "mexiquense" é o termo para tudo que se refere ao Estado de Mexico, que é geo-politicamente diferente da Cidade do México (AKA D.F.), enquanto "mexicano" se usa para o que se refere ao pais. OK?

Depois do passeio um tanto quanto frustrante a Metepec, mais valeu voltar para casa, entrar em modo preguiça e nos meter embaixo das cobertas pra ver um filminho super sessao da tarde (A Fuga). Depois, fiz um jantar tipico caseiro (enchiladas de mole verde e totopos com guacamole), que por algum motivo acabou causando um reverterio (em diferentes niveis) para os tres! Acho que passei um pouco o ponto do chile...

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Mas fora isso, nos divertimos muito no fim de semana, descansamos, curtimos. Eu, particularmente, ha muito tempo nao tinha um fim de semana tao gostoso, feliz, tranquilo, aconchegante. Pela primeira vez, me senti realmente em casa aqui.

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Amanha é hoje...

Eu sei que eu tenho a tendencia de ver significados ocultos em tudo o que me acontece, mas por outro lado existem sinais que nao se deve ignorar, se a gente quer ter uma percepçao mais, digamos, sutil - e por que nao divertida? - do mundo.

Ha meses venho tentando me libertar de um feitiço que aprisionou minha alma, meu pensamento, meu coraçao, de um jeito tao louco que eu espero que dessa vez nao leve outros 14 anos para passar... Mas aos poucos vou rompendo os fios, me liberando, desapegando, aos poucos. O retorno de Saturno ajuda um bocado nesse aspecto das mudanças, ainda bem.

O que me espanta é que HOJE, exatamente nesse dia que é o amanha que eu esperava, algo literalmente se rompeu de vez: uma pulseira de contas que uso sempre como lembrança, coisa bem simplezinha, mas que foi um presente sincero da anne de B., simplesmente caiu do meu pulso e se esparramou pelo chao. Hoje.

Isso nao tem que significar alguma coisa?

Enquanto isso, espero o voo que chega de Guatemala as 19:05 no aeroporto da Cidade do Mexico...

quarta-feira, 13 de abril de 2005

Amanha é amanha!

Essa ultima semana tem sido quase insuportavel, e sem duvida a mais longa que tenho, desde muito tempo. Como quando a gente quer ir embora logo do trabalho e da meia-noite mas nao da a hora de sair... Mas amanha ja é amanha! E tres semanas de espera sao capazes de mudar a vida da gente. Pra melhor, muito melhor.

***

Ontem, o Gerardo veio para Toluca e acabou ficando la em casa. Para passar o tempo, e porque nos divertimos muitissimo, alugamos a primeira temporada de Sex and the City, uma serie que eu nunca tinha visto (porque nao gosto de TV, e menos ainda tenho TV a cabo), mas é definitivamente deliciosa. A temporada completa dura umas 5 horas, mas nao tive nenhum problema em aguentar ate as 3 da manha para assistir todos os episodios.

O fato de recentemente ter chegado aos 30 garante uma identificação imediata com as personagens e, especialmente, com alguns temas. Por exemplo, nao sei porque (...), mas o episodio 4 é a minha cara, o que ja sabiamos antes mesmo de começar a assisti-lo, nao so porque, como diz a Miranda, "ja nao ha mais homens de 30 disponiveis em Nova York", mas principalmente porque ha muito tempo eu ja descobri as benesses de se relacionar com os carinhas de vinte-e-poucos. Nessa idade, a maioria dos homens ainda nao teve tempo de colecionar e incorporar os medos, neuras, manias, frustracoes e relacionamentos falidos que fazem dos homens de trinta uma armadilha brutal e incompreensivel.

E nos, balzaquianas, tambem temos nossas vantagens e atrativos para eles, nao? ;)


Ouvindo: Pink Martini - Sympathique (Je ne veux pas travailler...)

segunda-feira, 11 de abril de 2005

Alta velocidade

É tao gratificante conseguir superar limites e fraquezas, e eu admito que tenho sido tao relaxada com isso ultimamente, que hoje, quando o dia ja começou parecendo tao dificil (calcei o pé esquerdo primeiro, tomei onibus errado, TPM imperando), me sinto feliz simplesmente por ter sobrevivido. Ja aprendi que os maus dias vem e vao, como todos os outros. O truque é deixa-los passar, de preferencia em branco, com a certeza de que o proximo vai ser bem melhor.

Alem do que, meu domingo foi bem bacana, o que me deixou ao mesmo tempo cansada e satisfeita. Fui a Ixtapan de la Sal com o Rubén -- o mexicano que conheci em NY e que ainda nao havia podido encontrar por aqui -- e seus amigos motociclistas, uma dessas turmas que andam com motos de verdade (segundo eles, essas são as "normais", as outras sao motonetas). Imagine que eu nem conhecia o cara que ia me levar de carona, mas so o fato de saber que ele tem uma moto BMW dá uma certa segurança, vai...

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Eu, fazendo de conta... e o "ticher" Javier, meu piloto, observando

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Essa foi otima, queria ter uma prova de que realmente iamos a 140 por hora na estrada de Ixtapan a Toluca!!!

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Esse é o Rubén, com a namorada

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Chucho, o quinto elemento

Fora a estrada, o resto do passeio também foi divertido. Eu nao sabia exatamente o que havia em Ixtapan de la Sal, e chegando la descobri que o principal (e talvez, unico) atrativo da cidade é um balneario, que continua fazendo muito sucesso entre as familias mexicanas em busca de um lugar seguro para o piquenique do fim de semana. O balneario me pareceu algo assim como um Wet'n'Wild em Poços de Caldas (nao consigo evitar comparaçoes entre coisas e lugares... afinal, é preciso ter um frame de referencia para tudo na vida).

Mas apesar das crianças que se jogavam aos baldes nas piscinas, e das senhoras catolicas em seus maios com sainha rodada, foi divertido. Fui na piscina de ondas e no tobogan, tomei sol de biquini (quase um escandalo! E adeus bronzeado uniforme de Zipolite...) e fiz novos amigos.

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Tambem curti muito esse lance das motos. Nem precisa dizer que hoje dei uma passadinha no site da Kawasaki, pra dar uma olhada, sabe como é... do jeito que eu me empolgo, na menor provocação, compro uma! Mas no Brasil, seria duro ter uma moto dessas, porque nao dura muito ate que te roubem.

Vou esperar o proximo passeio com a turminha, dai veremos.

segunda-feira, 4 de abril de 2005

SuSan, Frida, Melinda, Natalie e Nicole

Creio que nao houve uma alma catolica que nao estivesse acompanhando, de alguma forma, nesse fim de semana, a agonia do Papa. Nao é incrivel como os designios de Deus sao inescrutaveis? Dos milhoes de pessoas rezando por ele, me pergunto quantos estariam pedindo pela sua saude, e quantos pelo fim do seu sofrimento. Ganhamos a maioria?

Curiosamente, nesse sabado eu estava acompanhada do unico ser catolico que conheço por aqui: o Gerardo. É incrivel como apesar de o Mexico se gabar de ser um pais extremamente catolico e conservador, eu particularmente estou rodeada de companheiros socialistas revolucionarios que nao creem em Deus. Para se ter uma ideia, outro dia comecei uma discussao com a Rosario porque ela achava absurdo o presidente beijar a mao do Papa, e eu achando absurdo ela achar absurdo uma coisa dessas! Na minha opiniao, mesmo se tratando de um Estado que se declara laico, nao respeitar as tradicoes alheias é uma tremenda falta de respeito.

Enfim, entre uma e outra noticia sobre o estado de saude de SuSan (digo, de Su Santidad), fomos dar um passeio em Coyoacan, o bairro onde viveram Frida Kahlo e Diego Rivera, e que nos ultimos anos se transformou na meca da classe media burguesa estabelecida, uma especie de Moema mexicana. Na casa onde eles moraram, atualmente funciona um museu com parte das suas obras - a parte que conseguiram manter no Mexico, imagino.

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Sem nenhuma dificuldade, me lembrei muitissimo da Almira, dona das sombrancelhas mais grossas que ja tive o prazer de conhecer, e com uma personalidade tambem forte como a de Frida. A diferença é que a Almira está quase sempre sorrindo. Fiquei pensando que se a reciproca é verdadeira, Frida realmente deve ter sido uma pessoa tambem extraordinaria. Ja esta na lista das proximas biografias que quero ler.

Mas achei curioso que, apesar de todo o talento de Diego Rivera, e do fato de ele ter sido o "tutor" de Frida, é a figura dela que se sobressai em todos os aspectos, nao so naquela casa, mas inclusive para a curiosidade do publico em geral. Ou alguem em Hollywood teve a ideia de fazer um filme sobre Diego? Ta ai mais uma prova do poder das mulheres...

Nunca tive duvidas sobre isso, e uma das coisas mais bonitas e surpreendentes que descobri sobre o Islam é o profundo respeito que se tem pelo papel da mulher como pilar da familia. O homem prove, mas é a mulher quem cuida, educa, nutre, escolhe. Claro, nao é preciso dizer isso em voz alta, embora no fundo cada uma de nos é bastante consciente do poder que tem sobre os homens.

Deve ser por isso que eu adoro filmes protagonizados por mocinhos desorientados e heroinas doidinhas ("Brilho eterno de uma mente sem lembrança", "As virgens suicidas", "Mrs. Robinson"...). Alias, cinema foi "o" programa do fim de semana, que começou na sexta com "Melinda e Melinda", o novo do Woody Allen, que finalmente voltou a escrever roteiros inteligentes. Gostei muito. Alem disso, tem alguns detalhes recorrentes nos filmes do Woody Allen que absolutamente me cativam: a trilha sonora (jazz, of course), a escolha do elenco (sempre pouco obvio), e o cenario (inevitavelmente Manhattan, meu proximo endereço :)).

Sabado, depois do museu, fomos assistir "Hora de voltar" (Garden State, 2004), filme com a Natalie Portman, que virou uma das minhas atrizes favoritas depois do papel de stripper americana em "Closer", e cuja historia é bem nessa linha que eu disse que adoro. Alem do que, o Zach Braff (que faz o papel principal e é tambem o diretor) é uma gracinha e me faz lembrar muito de alguem...

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Achei duas resenhas bacanas sobre o filme (tem muitas outras mais, é so procurar, mas bom mesmo é ir assistir de uma vez, porque expectativa demais estraga), uma em um blog de alguem que nao conheço, e outra em um site sobre cinema do qual nunca tinha ouvido falar. So para constar.

Sai do cinema com sintomas de gripe e vontade de colo. Voltei correndo pra casa, tomei um banho quentinho e vitamina C para a gripe, mas a vontade de colo só aumentou ainda mais depois de checar meus e-mails... "I wish I could hold you right now". Eu tambem.

E no domingo eu tinha que adiantar umas costuras para ficar mais folgada (mais???) durante a semana, mas acabei indo de novo ao cinema, dessa vez com a Rosario. Na falta de algo melhor, escolhemos assistir "Reencarnaçao", uma historinha sem graça, mal contada, e a Nicole Kidman horrorosa, com uma cara de alienigena a la Star Treck. O que vale a pena é que depois do cinema sempre paramos no Starbucks para tomar um café (chá, no meu caso) e jogar conversa fora. Dessa vez, nem foi tanto papo-furado. Estavamos falando de planos para o futuro, o mestrado que esta quase indo por agua abaixo, minha volta ao Brasil, e a possibilidade de eu ficar por aqui de vez, mas nao sei se gosto muito da ideia.

Pelo menos ja tenho planos sobre o que vou fazer nos proximos meses, ja nao é como ha uns meses atras quando eu me desesperava sem ter a menor ideia do que seria da minha vida num futuro proximo. Faço planos, tenho sonhos, vou tecendo algumas ilusoes, quem sabe? O que mais quero agora é voltar pro Brasil, matar saudades. Depois, muito colo, pra sempre, de preferencia balançando numa rede de frente pro mar...