sexta-feira, 24 de março de 2006

Vale Tudo

Hoje fui assistir "The Lord of the Dance", o famoso show de dança irlandesa, no Atlanta Fabulous Fox Theather.

Por acaso, o teatro fica em frente ao hotel onde estou hospedada, e como não havia nada melhor para fazer hoje a noite - a outra opçao era jantar com o pessoal da conferencia -, eu e a Noriko resolvemos ir a esse espetáculo.

Atlanta Fabulous Fox Theather

O teatro em si já valia o ingresso, porque é uma coisa linda de se admirar! O edificio é da decada de 20, e originalmente era uma mesquita, o que explica toda a decoraçao, as tapeçarias, colunas, arcos, vitrais e motivos mouriscos. Eu, que nem gosto dessas coisas, imagina só...

E ainda bem, porque nao estou absolutamente convencida de que o show valeu o que custou. Eu o chamaria de "Barbie e Ken em Sonhos de uma Noite de Verao". A coreografia sugere que o mocinho está sendo ameaçado por outro dançarino, que quer lhe roubar o título de Senhor da Dança. Ao mesmo tempo, "sofre" o assedio de uma garota que tenta tirá-lo dos braços da sua obviamente loura heroína (a Barbie em questao). Preciso contar o final da historia?

No meio disso tudo, um duende (Puck) tocando flauta e uma moça num vestido de veludo verde, cantando - no que, suponho, seja - uma cançao em gaelico.

Engraçado que o dançarino que fazia o mocinho era a cara do Alex, so que louro. Achei muito gay. O Alex acharia tudo muito etnico (piada interna... :))

Claro que eu estava torcendo para o bad guy, que era muito mais boa pinta e dançava muito melhor. Mas a Broadway ainda nao descobriu que os finais a la Maria de Fátima sao muito mais saborosos, e sao os que realmente vale a pena ver de novo.

quinta-feira, 23 de março de 2006

Batuque na cozinha

Domingo, 11 da manha. Feijao no fogo e Martinho da Vila na vitrola - sim, vitrola mesmo, porque eu honro a minha herança de discos de vinil. Nao fosse o frio, podia ser em Osasco, ou qualquer outro lugar onde uma familia brasileira media se reune para o almoço do fim de semana.

Mas e dai que eu estou em Nova York, onde faz um frio do caramba e nao da pra reunir a familia aos domingos? Ainda assim, eu me arrisquei a fazer um almoço desses que as minhas tias fariam, com arroz, feijao, torta de espinafre, mandioca frita, farofa, salada -- e, claro, muita cerveja (Brahma!!) e caipirinha.

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Pra quem nao cozinhava de verdade ha tempos, até que nao fiz feio. Pelo menos, ninguem reclamou da comida. Muito pelo contrario. Teve até brigadeiro de sobremesa, alem do queijo com goiabada que a Carla trouxe e o doce de jaca vindo na bagagem da Bahia.

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Acho que nao faltou nada, e a galera ajudou a compor o clima. Tinha nego mandando bem no pandeiro e no tamborim, um bocado de samba no pé, carnaval de Salvador rolando no DVD e aquela preguicinha basica depois do almoço, um cochilo na rede e começo de ressaca pra quem exagerou na caipirinha.

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Ao menos por uma tarde, a gente se sentiu mais perto de casa, mais dono do mundo. E da proxima vez que bater saudade, ainda sobrou um tantao de farofa, e feijao cozido no congelador.

terça-feira, 14 de março de 2006

Happy birthday!

"E melhor ser alegre que ser triste
Alegria e a melhor coisa que existe
E assim como a luz no coracao
Mas pra fazer um samba com beleza
E preciso um bocado de tristeza
Senao nao se faz um samba nao

Fazer samba nao e contar piada
E quem faz samba assim nao e de nada
O bom samba e uma forma de oracao
Porque o samba e a tristeza que balanca
E a tristeza tem sempre uma esperanca
De um dia nao ser mais triste nao

Poe um pouco de amor numa cadencia
E vai ver que ninguem no mundo vence
A beleza que tem um samba nao
Porque o samba nasceu la na Bahia
E se hoje ele e branco na poesia
Ele e negro demais no coracao"


O que nao me mata, me faz mais forte. Little by little.

segunda-feira, 13 de março de 2006

Era bem bom, sim... e ainda é!

Vou correr o risco de a Folha me processar, mas hoje é meu aniversario, e a minha colunista preferida escreveu algo que tem tudo a ver com o meu momento. Me lembra os bons tempos de CRUSP...


Era bem bom
DANUZA LEÃO

A coisa mais difícil que existe é dar uma festa de aniversário. Como temos várias personalidades temos, consequentemente, vários tipos de amigos. Juntar todos eles é difícil; muito difícil.

Tem os do PT e os do PSDB, os ricos e os pobres, os sofisticados e os totalmente simples, os intelectuais e os que nunca leram um livro, os famosos, os anônimos, e por aí vai. É bom ser versátil, mas não é fácil juntar pessoas tão diferentes que têm uma única coisa em comum: você. É nisso que dá ter colecionado gente tão diferente ao longo da vida.

[...] Fora esse pequeno problema da lista, existem todos os outros pelos quais passam todos os insensatos que resolvem dar uma festa. Às 7 da noite começa a paranóia. Será que vem alguém? [...] E a bebida? E os copos? E o gelo? Que vida; pra que foi inventar?

Marcada para as 9, às 10h30 chegam os primeiros convidados, e você, que tomou sua primeira tequilas às 9 em ponto, está na quarta, e já achando o mundo uma maravilha. [...] Como clima fino jamais animou festa alguma, é melhor começar logo com I will survive, e pronto.

Não pode se impedir de lembrar dos anos 70 [aqui é onde eu lembro do CRUSP, mesmo que isso fosse nos anos 90], quando havia festa todos os dias -e se não houvesse, se inventava. Olhando para trás, foram anos incríveis. Ninguém era rico, ninguém tinha dinheiro, ninguém trabalhava -não muito-, mas todo mundo vivia razoavelmente bem, éramos todos felizes, e as festas eram assim: para começar, nenhuma delas tinha uma só flor, nem DJ, nem jantar. Como eram inventadas de manhã, era só dizer a dois ou três amigos "hoje tem festa lá em casa" que eles se encarregavam de dizer para os outros. Como todo mundo pertencia à mesma turma, não tinha essa de telefonar para convidar, e a hora marcada era 11. A bebida era uísque nacional, e só; uísque, muito gelo, e água do filtro - nem club soda existia. E comida, nem pensar. Havia um toca-discos muito mixuruca, alguns amigos traziam uns LPs emprestados, e todo mundo tinha direito a trocar o disco na hora que quisesse.

Não era como agora que tem decorador, florista, DJ, bebidas variadas, lista na porta, manobrista - até porque pouquíssimos tinham carro. A festa não saía na coluna social, acabava com o dia raiando e o objetivo era um só: a gente se divertir.

E como se divertia.

sábado, 11 de março de 2006

Agora, sim, passado o Carnaval -- deliciosamente bem passado, diga-se de passagem - tenho a impressao de que o ano começou, e melhor ainda, tenho um pressentimento de que esse ano vai ser muito, muito melhor do que o anterior.

Voltei do Brasil faz uma semana, mas tanta coisa legal ja aconteceu, que parece que faz um mes!

Essa semana, tive um hospede do Hospitality Club aqui em casa, o Nick. Ele é muito gente fina, tem 22 anos, é alemao e está fazendo um estagio em uma ONG de direitos humanos aqui em NY.

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Na quinta, fomos jantar no Angelica Kitchen, um restaurante de comida vegan organica, que ha tempos eu queria ir. Rimos muito esse dia e tiramos um monte de fotos.

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Todos os dias de manha ele saia pra correr (as vezes, a noite tambem!), porque ele esta treinando para a maratona de Berlim. Eu até tentei fazer a linha esportista e falei que ia correr com ele um dia de manha, mas a minha vida social agitada nao me permitia dormir antes das 2 da manha e todo dia era impraticavel acordar a tempo e com disposiçao para fazer exercicio.

Mas tanto ele insistiu que deu resultado. Apesar de ele ter ido embora na sexta, no sabado pela manha venci a preguiça e corri 20 quadras! Achei o maximo, pra quem nao faz mais que alongamento e yoga umas poucas vezes por semana.

Mas outra coisa que ajudou foi o tempo maravilhoso que está fazendo aqui em NY esse fim de semana. Nem acredito que o calor esta chegando! Na sexta a noite fez 17 graus, e chegou a 22 graus durante o dia. Pra quem estava enfrentando temperaturas proximas do zero pelos ultimos 3 meses, isso é uma maravilha!

As pessoas pareciam tao felizes andando pela rua, sorridentes, leves... os homens de camiseta curta, e as mulheres, vaporosas, usando mini-saia e sandalias. Imagino como nao deve ser o verao...

Sexta foi o ultimo dia de trabalho da Carly, a estagiaria que esteve na minha equipe desde janeiro. Aproveitamos o dia lindo e o fato de que a nossa chefe estava de ferias para ir almoçar fora num restaurante mexicano, com direito a cerveja e margarita, para comemorar.

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Na volta, ainda paramos para comer bolinhos e ficamos assistindo a uma manifestaçao dos tibetanos...

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E qual nao foi minha surpresa ao chegar do almoço e encontrar um enorme buque de rosas em cima da minha mesa?

É que sexta foi tambem o ultimo dia do Akram, meu colega de equipe, antes das ferias dele. E como ele nao vai estar aqui na segunda, me trouxe flores pelo meu aniversario. Nao é fofo? O Akram é otimo, divertidissimo e muito descolado, se é que voces me entendem. Ele sempre me faz esses agrados, e eu a ele, e assim nos damos super bem no trabalho.

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Alias, essa semana no trabalho foi agitadissima. Alem de estar voltando de ferias, com o meu trabalho acumulado e mais o da minha chefe, que agora está de ferias, na terça tivemos uma mega reuniao com o Secretario Geral para discutir o relatorio dele sobre as reformas na organizaçao, particularmente em relaçao ao staff. A mim, nao afeta muito, por isso nao me desgasto. Mas pelos animos exaltados dos companheiros e pelo clima geral, a coisa parece pesada. Me senti em plena reuniao do sindicato dos metalurgicos do ABC -- nos anos 80, diga-se!

***

Hoje ainda fez um sol lindo, cerca de 15 graus. Me fez lembrar do calor do Brasil, que ainda estou em ritmo verde e amarelo. Depois do almoço fiquei em casa terminando de ler a biografia da Carmen Miranda, ouvindo Pixinguinha e bebericando uma cachaça boa. Eh, vidinha mais ou menos...

Aproveitei o fim da tarde para passear com o H. pelo Meatpacking District, que eu ainda nao conhecia. Ja quase na hora de ir embora, ele ainda quis me mostrar um restaurante bacana por ali, que por acaso era o mesmo onde fui com o Micah logo que cheguei em NY. Dali a umas quadras, paramos para olhar o menu de um restaurante novo, e de repente, quem sai do restaurante? O Micah! Quase cai pra tras... Ele está trabalhando la como gerente. Fiquei super feliz de reencontra-lo e ver como ele está bem. Mas esse mundo anda mesmo muito pequeno.