Curiosamente, nesse sabado eu estava acompanhada do unico ser catolico que conheço por aqui: o Gerardo. É incrivel como apesar de o Mexico se gabar de ser um pais extremamente catolico e conservador, eu particularmente estou rodeada de companheiros socialistas revolucionarios que nao creem em Deus. Para se ter uma ideia, outro dia comecei uma discussao com a Rosario porque ela achava absurdo o presidente beijar a mao do Papa, e eu achando absurdo ela achar absurdo uma coisa dessas! Na minha opiniao, mesmo se tratando de um Estado que se declara laico, nao respeitar as tradicoes alheias é uma tremenda falta de respeito.
Enfim, entre uma e outra noticia sobre o estado de saude de SuSan (digo, de Su Santidad), fomos dar um passeio em Coyoacan, o bairro onde viveram Frida Kahlo e Diego Rivera, e que nos ultimos anos se transformou na meca da classe media burguesa estabelecida, uma especie de Moema mexicana. Na casa onde eles moraram, atualmente funciona um museu com parte das suas obras - a parte que conseguiram manter no Mexico, imagino.
Sem nenhuma dificuldade, me lembrei muitissimo da Almira, dona das sombrancelhas mais grossas que ja tive o prazer de conhecer, e com uma personalidade tambem forte como a de Frida. A diferença é que a Almira está quase sempre sorrindo. Fiquei pensando que se a reciproca é verdadeira, Frida realmente deve ter sido uma pessoa tambem extraordinaria. Ja esta na lista das proximas biografias que quero ler.
Mas achei curioso que, apesar de todo o talento de Diego Rivera, e do fato de ele ter sido o "tutor" de Frida, é a figura dela que se sobressai em todos os aspectos, nao so naquela casa, mas inclusive para a curiosidade do publico em geral. Ou alguem em Hollywood teve a ideia de fazer um filme sobre Diego? Ta ai mais uma prova do poder das mulheres...
Nunca tive duvidas sobre isso, e uma das coisas mais bonitas e surpreendentes que descobri sobre o Islam é o profundo respeito que se tem pelo papel da mulher como pilar da familia. O homem prove, mas é a mulher quem cuida, educa, nutre, escolhe. Claro, nao é preciso dizer isso em voz alta, embora no fundo cada uma de nos é bastante consciente do poder que tem sobre os homens.
Deve ser por isso que eu adoro filmes protagonizados por mocinhos desorientados e heroinas doidinhas ("Brilho eterno de uma mente sem lembrança", "As virgens suicidas", "Mrs. Robinson"...). Alias, cinema foi "o" programa do fim de semana, que começou na sexta com "Melinda e Melinda", o novo do Woody Allen, que finalmente voltou a escrever roteiros inteligentes. Gostei muito. Alem disso, tem alguns detalhes recorrentes nos filmes do Woody Allen que absolutamente me cativam: a trilha sonora (jazz, of course), a escolha do elenco (sempre pouco obvio), e o cenario (inevitavelmente Manhattan, meu proximo endereço :)).
Sabado, depois do museu, fomos assistir "Hora de voltar" (Garden State, 2004), filme com a Natalie Portman, que virou uma das minhas atrizes favoritas depois do papel de stripper americana em "Closer", e cuja historia é bem nessa linha que eu disse que adoro. Alem do que, o Zach Braff (que faz o papel principal e é tambem o diretor) é uma gracinha e me faz lembrar muito de alguem...
Achei duas resenhas bacanas sobre o filme (tem muitas outras mais, é so procurar, mas bom mesmo é ir assistir de uma vez, porque expectativa demais estraga), uma em um blog de alguem que nao conheço, e outra em um site sobre cinema do qual nunca tinha ouvido falar. So para constar.
Sai do cinema com sintomas de gripe e vontade de colo. Voltei correndo pra casa, tomei um banho quentinho e vitamina C para a gripe, mas a vontade de colo só aumentou ainda mais depois de checar meus e-mails... "I wish I could hold you right now". Eu tambem.
E no domingo eu tinha que adiantar umas costuras para ficar mais folgada (mais???) durante a semana, mas acabei indo de novo ao cinema, dessa vez com a Rosario. Na falta de algo melhor, escolhemos assistir "Reencarnaçao", uma historinha sem graça, mal contada, e a Nicole Kidman horrorosa, com uma cara de alienigena a la Star Treck. O que vale a pena é que depois do cinema sempre paramos no Starbucks para tomar um café (chá, no meu caso) e jogar conversa fora. Dessa vez, nem foi tanto papo-furado. Estavamos falando de planos para o futuro, o mestrado que esta quase indo por agua abaixo, minha volta ao Brasil, e a possibilidade de eu ficar por aqui de vez, mas nao sei se gosto muito da ideia.
Pelo menos ja tenho planos sobre o que vou fazer nos proximos meses, ja nao é como ha uns meses atras quando eu me desesperava sem ter a menor ideia do que seria da minha vida num futuro proximo. Faço planos, tenho sonhos, vou tecendo algumas ilusoes, quem sabe? O que mais quero agora é voltar pro Brasil, matar saudades. Depois, muito colo, pra sempre, de preferencia balançando numa rede de frente pro mar...
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