segunda-feira, 28 de março de 2005

Semana (pouco) santa

Enfim, de volta a realidade... :(

Descobri que aqui, como na Espanha, a Semana Santa é um feriado feriadissimo, em que TODO MUNDO sai de ferias a semana inteira e vai viajar. E eu, que nem gosto disso, finalmente fiz minha primeira "grande" viagem pelo Mexico. No total, foram quase 40 horas entre onibus, caminhao, caminhonete, barco, caixas de bananas e frangos, desde a Cidade do Mexico a Huatulco, Pochutla, Zipolite, Mazunte, San Antonio, Puerto Escondido, Rio Grande, Zapotalito, Chacahua e logo tudo de volta... E quantas aventuras!

Na verdade, nossa base era Zipolite, uma praia na costa sul voltada para o Pacifico, bastante conhecida como praia "hippie", alternativa, e de nudismo. Uau... essa foi a melhor parte. Nao por nada, digo, descobri que a maioria das pessoas é muito mais bonita e elegante vestida (eu inclusive?), mas vai ser dificil gostar de tomar sol de biquini depois dessa experiencia. Nunca pensei que fosse tao gostoso. E nao, nao da vergonha nenhuma! É como ser adolescente, voce faz o que todo mundo faz, lembra?


Eu, muito garota de Ipanema, ainda em trajes decentes


Vista "in nature" da praia em Zipolite


Outra vista da praia... eu sei que mal da pra ver nada, mas sinceramente, pegava mal ficar tirando foto do povo peladao!

Como sempre, fomos o trio parada dura: eu, Rosario e Gerardo. Legal é que com eles (quase) nao tem tempo ruim, porque se é festa eles topam. E a ideia era ser hippie por uma semana - mas com classe, claro, porque no fundo temos la as nossas frescuras...

Na primeira noite em Zipol, conhecemos o Victor, um riponga que vende artesanato por ali e nos convidou pra uma festa na beira da praia. Dai nao demorou nada para converte-lo em nosso lider hippie e convence-lo a nos levar de expediçao a Chacahua.

Estavamos animadissimos, porque todo mundo dizia que la era como Zipolite ha 10 anos atras. Bom, mais ou menos... Chegar foi uma aventura, me sentia em pleno sertao do Alagoas, depois de quase 4 horas de intensa baldeação, entre bananas e frangos, um calor de lascar e muita poeira.









Realmente a infra do lugar correspondia a fama, mas o resto foi a maior decepçao. Ao contrario do que pensavamos, nao tinha nada de hippies peladoes fumando maconha na praia. O que abundava eram familias inteiras, com crianças e cachorros, e bandos (bandos!!!) de adolescentes recem-saidos do colegio. Alem disso, um vento de levantar dunas na beira da praia, e tudo carissimo.





A verdade é que dormir em uma cabana com teto de palha e chao de areia, e dividir banheiro com mais 30 neguinhos no mesmo camping, nao faz exatamente parte do meu projeto de vida.

Assim, ao mesmo tempo que nos cansamos de brincar de hard-hippie em Chacahua, nosso lider tambem se cansou de nos, ainda mais quando percebeu que nos nao iamos mesmo pagar nada pra ele, e ainda por cima pediamos seu beck emprestado!


Seguindo a linha do feriadao, o Gerardo me fez umas trancinhas bem bacanas com fios coloridos.

Quase chegando de volta em Zipolite, conhecemos 2 estrangeiros: Micah e Dougal. Os dois eram super simpaticos - e muito gracinhas, diga-se -, embora nao falassem muito bem espanhol, o que acabou sendo bem divertido porque lhes ensinamos tudo o que precisavam saber para sobreviver. Reencontramos os dois na praia a noite, formamos um grupo e ficamos ali tomando umas cervejas.

Parenteses "Super Interessante": O tempo todo, bebiamos bastante, mas descobri que ha muita vantagem no fato de morar em um lugar alto como Toluca, pois quando se desce ao nivel do mar, o alcool faz menos efeito (sabia?).

Esses dois eram gente bem mais interessante que nosso lider hippie, e entre dois ou tres idiomas entendemos que Micah é americano, mora em Nova York, e deixou seu emprego de diretor de vinhos em um restaurante italiano para viajar o mundo. Dougal é irlandes, mas mora na Nova Zelandia, onde fez mestrado em Inteligencia Artificial e trabalhava como assistente de professor na universidade, ate que se cansou e deciciu fazer uma viagem ao Mexico e America Central para aprender espanhol.

Como o Dougal quase nao falava espanhol, e eu estava com uma preguiça enorme de usar meu ingles, fui conversando com o Micah, e quando vi estavamos so nos dois conversando, num clima algo assim como "Hoje a noite nao tem luar"...



Lembrei como é uma delicia lidar com caras mais novos. Nao sei, é outra cabeça, outro pique, menos neura, me parece.



Pena mesmo que eu tinha que vir embora, passagem comprada e muita costura pra entregar na segunda, de modo que por enquanto "...eu acordei sem saber se era um sonho".


P.S.: Passei a semana toda ensinando a letra de "Garota de Ipanema" para a Rosario e o Gerardo. E nao é que eles aprenderam? Virou nosso hino de anunciação!


Ouvindo: Capital Inicial - A sua maneira

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