Vou correr o risco de a Folha me processar, mas hoje é meu aniversario, e a minha colunista preferida escreveu algo que tem tudo a ver com o meu momento. Me lembra os bons tempos de CRUSP...
Era bem bom
DANUZA LEÃO
A coisa mais difícil que existe é dar uma festa de aniversário. Como temos várias personalidades temos, consequentemente, vários tipos de amigos. Juntar todos eles é difícil; muito difícil.
Tem os do PT e os do PSDB, os ricos e os pobres, os sofisticados e os totalmente simples, os intelectuais e os que nunca leram um livro, os famosos, os anônimos, e por aí vai. É bom ser versátil, mas não é fácil juntar pessoas tão diferentes que têm uma única coisa em comum: você. É nisso que dá ter colecionado gente tão diferente ao longo da vida.
[...] Fora esse pequeno problema da lista, existem todos os outros pelos quais passam todos os insensatos que resolvem dar uma festa. Às 7 da noite começa a paranóia. Será que vem alguém? [...] E a bebida? E os copos? E o gelo? Que vida; pra que foi inventar?
Marcada para as 9, às 10h30 chegam os primeiros convidados, e você, que tomou sua primeira tequilas às 9 em ponto, está na quarta, e já achando o mundo uma maravilha. [...] Como clima fino jamais animou festa alguma, é melhor começar logo com I will survive, e pronto.
Não pode se impedir de lembrar dos anos 70 [aqui é onde eu lembro do CRUSP, mesmo que isso fosse nos anos 90], quando havia festa todos os dias -e se não houvesse, se inventava. Olhando para trás, foram anos incríveis. Ninguém era rico, ninguém tinha dinheiro, ninguém trabalhava -não muito-, mas todo mundo vivia razoavelmente bem, éramos todos felizes, e as festas eram assim: para começar, nenhuma delas tinha uma só flor, nem DJ, nem jantar. Como eram inventadas de manhã, era só dizer a dois ou três amigos "hoje tem festa lá em casa" que eles se encarregavam de dizer para os outros. Como todo mundo pertencia à mesma turma, não tinha essa de telefonar para convidar, e a hora marcada era 11. A bebida era uísque nacional, e só; uísque, muito gelo, e água do filtro - nem club soda existia. E comida, nem pensar. Havia um toca-discos muito mixuruca, alguns amigos traziam uns LPs emprestados, e todo mundo tinha direito a trocar o disco na hora que quisesse.
Não era como agora que tem decorador, florista, DJ, bebidas variadas, lista na porta, manobrista - até porque pouquíssimos tinham carro. A festa não saía na coluna social, acabava com o dia raiando e o objetivo era um só: a gente se divertir.
E como se divertia.
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