quarta-feira, 9 de março de 2005

Pelo tamanho de seus dedos, foi so um pequeno adeus

Tem episodios na vida da gente que so se consegue dimensionar depois que passam, nao é? Muito depois, ou logo depois. Sempre que me cai a ficha logo depois, eu me lembro do trecho de uma HQ onde diziam que a isso se chama algo como "L'esprit de l'escalier", que é aquele momento quando voce ja esta descendo as escadas pra ir embora e te vem uma luz, aquela frase que que devia ter sido dita, a descoberta profunda da importancia daquele momento que passou... Enfim, quando cai a ficha.

Eu senti uma vontade enorme de ficar mais tempo em Montreal. Porque agora percebo que tanto quanto o momento da partida foi natural, tambem teria sido natural continuar vivendo ali, num conforto e aconchego que me lembra muito mais a minha casa do que esse lugar onde vivo agora.

No meio da viagem (que foi a primeira grande desde que vim para o Mexico), me dava um calafrio gostoso a expectativa de "voltar pra casa", ate que eu me lembrava que "voltar pra casa" ja nao seria aterrissar em Congonhas, pegar o Airport Service ate a Paulista e depois o metro para a Vila Madalena. E que eu nao ia poder ver um filme no Bristol no fim de semana...

Mas talvez nada disso tivesse acontecido se eu nao tivesse conhecido o R. em Montreal. Pra mim, foi um desses encontros que o destino vai tecendo, armando, elaborando, pacientemente, ate chegar o tempo certo de acontecer. E nao foi quando ele me ofereceu sua casa para ficar, nem quando pegou minha mao pela primeira vez, ou quando ouvi suas historias, fui seu colo e remedio pra dor de dente, nem quando por coincidencia ele me levou a um bar egipcio e fumamos narguile, ou quando choramos juntos no metro, cada um embutido na sua propria tristeza e saudade, nem no ultimo gozo, ou finalmente quando dividimos o abraço gostoso e cumplice da despedida, que eu percebi o quanto gostei dele. Foi so quando entrei no aviao e vi Montreal ficando cada vez menor, tao pequeno quanto eu, quando cabia na sua mao.


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R. olhando a neve caindo la fora...

Li hoje essa citaçao num post do blog da Si que diz muito do que eu ja sabia: "Quando se quer algo, pode-se entar em conexão com as coisas no universo. Temos o poder de aproximar o que queremos".

Mesmo quando a gente nem tem plena consciencia do que é que se quer.


Ouvindo: Damien Rice - Volcano

3 comentários:

Anônimo disse...

Andréa,
que coisas lindas você escreve, menina. A gente vê e revê cada cena como se estivesse vivendo tudo de novo, com emoçao dobrada.
Ha uma escritora gritando dentro de você. E hoje, 13 de março, é o dia to teu aniversario, nao é? Mulher balzaquiana: a vida tem sido um lindo presente para você. Abra-a com carinho e sem pressa.
Parabéns,
rosel

Anônimo disse...

Andréa,
que coisas lindas você escreve, menina. A gente vê e revê cada cena como se estivesse vivendo tudo de novo, com emoçao dobrada.
Ha uma escritora gritando dentro de você. E hoje, 13 de março, é o dia to teu aniversario, nao é? Mulher balzaquiana: a vida tem sido um lindo presente para você. Abra-a com carinho e sem pressa.
Parabéns,
rosel

Anônimo disse...

Andréa,
que coisas lindas você escreve, menina. A gente vê e revê cada cena como se estivesse vivendo tudo de novo, com emoçao dobrada.
Ha uma escritora gritando dentro de você. E hoje, 13 de março, é o dia to teu aniversario, nao é? Mulher balzaquiana: a vida tem sido um lindo presente para você. Abra-a com carinho e sem pressa.
Parabéns,
rosel