Tem episodios na vida da gente que so se consegue dimensionar depois que passam, nao é? Muito depois, ou logo depois. Sempre que me cai a ficha logo depois, eu me lembro do trecho de uma HQ onde diziam que a isso se chama algo como "L'esprit de l'escalier", que é aquele momento quando voce ja esta descendo as escadas pra ir embora e te vem uma luz, aquela frase que que devia ter sido dita, a descoberta profunda da importancia daquele momento que passou... Enfim, quando cai a ficha.
Eu senti uma vontade enorme de ficar mais tempo em Montreal. Porque agora percebo que tanto quanto o momento da partida foi natural, tambem teria sido natural continuar vivendo ali, num conforto e aconchego que me lembra muito mais a minha casa do que esse lugar onde vivo agora.
No meio da viagem (que foi a primeira grande desde que vim para o Mexico), me dava um calafrio gostoso a expectativa de "voltar pra casa", ate que eu me lembrava que "voltar pra casa" ja nao seria aterrissar em Congonhas, pegar o Airport Service ate a Paulista e depois o metro para a Vila Madalena. E que eu nao ia poder ver um filme no Bristol no fim de semana...
Mas talvez nada disso tivesse acontecido se eu nao tivesse conhecido o R. em Montreal. Pra mim, foi um desses encontros que o destino vai tecendo, armando, elaborando, pacientemente, ate chegar o tempo certo de acontecer. E nao foi quando ele me ofereceu sua casa para ficar, nem quando pegou minha mao pela primeira vez, ou quando ouvi suas historias, fui seu colo e remedio pra dor de dente, nem quando por coincidencia ele me levou a um bar egipcio e fumamos narguile, ou quando choramos juntos no metro, cada um embutido na sua propria tristeza e saudade, nem no ultimo gozo, ou finalmente quando dividimos o abraço gostoso e cumplice da despedida, que eu percebi o quanto gostei dele. Foi so quando entrei no aviao e vi Montreal ficando cada vez menor, tao pequeno quanto eu, quando cabia na sua mao.
R. olhando a neve caindo la fora...
Li hoje essa citaçao num post do blog da Si que diz muito do que eu ja sabia: "Quando se quer algo, pode-se entar em conexão com as coisas no universo. Temos o poder de aproximar o que queremos".
Mesmo quando a gente nem tem plena consciencia do que é que se quer.
Ouvindo: Damien Rice - Volcano
3 comentários:
Andréa,
que coisas lindas você escreve, menina. A gente vê e revê cada cena como se estivesse vivendo tudo de novo, com emoçao dobrada.
Ha uma escritora gritando dentro de você. E hoje, 13 de março, é o dia to teu aniversario, nao é? Mulher balzaquiana: a vida tem sido um lindo presente para você. Abra-a com carinho e sem pressa.
Parabéns,
rosel
Andréa,
que coisas lindas você escreve, menina. A gente vê e revê cada cena como se estivesse vivendo tudo de novo, com emoçao dobrada.
Ha uma escritora gritando dentro de você. E hoje, 13 de março, é o dia to teu aniversario, nao é? Mulher balzaquiana: a vida tem sido um lindo presente para você. Abra-a com carinho e sem pressa.
Parabéns,
rosel
Andréa,
que coisas lindas você escreve, menina. A gente vê e revê cada cena como se estivesse vivendo tudo de novo, com emoçao dobrada.
Ha uma escritora gritando dentro de você. E hoje, 13 de março, é o dia to teu aniversario, nao é? Mulher balzaquiana: a vida tem sido um lindo presente para você. Abra-a com carinho e sem pressa.
Parabéns,
rosel
Postar um comentário